sexta-feira, 20 de abril de 2007

Rambo rides again... no Brasil!

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Braço forte, mão amiga e uma cabeça publicitária paupérrima.

Seria auspicioso ver retirados "do ar" os outdoors que ostentam a mais nova campanha institucional do Exército Brasileiro.

Após longo período de recuperação da boa vontade da opinião pública, calcada na atuação de apoio às campanhas de vacinação e à segurança urbana na ECO-92, entre outras ações; a força armada parece que esmerou-se em escolher mal as idéias que quer ver aliadas ao seu slogan.

Um rambo que emerge de um alagadiço, sob uma rama que não esconde a arma de assalto e a atitude de prontidão para o ataque letal...

Talvez seja uma persuasiva forma de recrutar os meninos do Brasil, mas só até que eles descubram que, neste país, as verbas para a Defesa não comportam machine gun, munição ou mesmo o rancho das segundas e sextas-feiras.
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Vem pra Pança você também

Poupançudos são as novas personagens publicitárias criadas por algum gênio das comunicações a serviço de Brasília para a Caixa Econômica Federal.

Como tudo o que se relaciona a Governo Federal - desde que existe a instituição - o bate-cabeça impera. Talvez fosse bom que nas reuniões ministeriais que acontecem na Granja do Torto (apropriadíssima denominação), os ministros se falassem. Ou melhor, se ouvissem.

Pança "10" X Criatividade "0"

Em plena campanha mundial por uma alimentação saudável e alerta para os riscos da obesidade, sobretudo no que diz respeito às crianças, vem a CEF propagandear seu produto mais popular - a poupança - com uma penca de obesas e monstruosas criaturas, que podem ser vistas em filmetes animados, cartazes e - pausa para gran finale - cofrinhos.

Usa ou guarda?

Não é a propaganda que vai curar as nossas mazelas. Ainda mais num país em que biscoitos e chisitos constituem parte importante da dieta das classes menos favorecidas.

Tudo bem... se nas paredes das mesmas agências da Caixa, ao lado dos cartazes poupançudos incitando novos "tio Patinhas", não houvesse outros, do Banco Central do Brasil, implorando: "use suas moedas, elas também têm valor".

O mundo é dos Netos...

Nunca é tarde demais para reafirmar de onde viemos e para onde vamos, afinal, depois que vovô morreu, andamos um tanto quanto mal das pernas - mas só até aquele Proer da mídia, projeto de salvação do FHC que resultou na recente elevação de nossa holding a um investment grade, para além do grau de investimento do próprio país, mesmo que o Brasil premie os players com a maior taxa de juros e os bancos com o melhor spread do mundo.

Encomendamos então um personagem que representasse bem a força do nosso grupo, o peso dos nossos ideais e os valores que são praticados diuturnamente em nossas empresas. E que, ao mesmo tempo, homenageasse os brasileiros que permitiram que construíssemos um monopólio empresarial em cima do discurso da integração nacional. Um personagem autoritário e fardado, que, aos berros, lembre a todos que a força bruta sempre vence, seja numa ditadura, seja na democracia - aquele regime que existe para garantir a igualdade e a proteção dos direitos da pessoa... jurídica.

Skavurzka!!!

segunda-feira, 9 de abril de 2007

O que é bom já nasce diesel. E BIO diesel...

Re-entrada da nave-mãe na nossa poluída atmosfera... Mesmo com altas horas, quer dizer, altas doses de ignorância em redor, o jardim dos Mutantes floresceu, em imagens e sons - como sempre foi. Sérgio Dias Baptista - jardineiro-mór - soube esperar 30 anos para dar o seu recado à massa. Permaneceu vivo e produtivo, infelizmente mais fora que dentro do país, executando a melhor e mais brasileña guitarra da Terra. Não se desviou do caminho verdadeiramente mutante. Resgatou um baterista da burocracia mortífera e o irmão da morte anunciada à la Syd Barrett para, juntos, fazerem a festa da recriação - e da recreação também, as always - que conta agora com a Duncan no role playing de Rapunzel sem tranças e com o luxuoso auxílio de ótimos músicos amadores - amadores de Mutantes, bem entendido. Perfeito! Vida longa àqueles que detonaram os detratores da guitarra nos tempos reacionários de banquinho-e-violão. Ponto para o Groisman, que sabia do que se tratava ali, naquela histórica madrugada de 8 de abril de 2007. E pelas "ondas" da Rede Globo... suprema rendição.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Nem parece banco...

Cancelamento de um débito automático - a saga. Situação: pessoa da "quarta idade" (pelo critério de contagem de quinze em quinze anos) verifica, com surpresa, em seu extrato bancário, um desconto de 20 reais descrito como "seguro". Sendo um beneficiário de aposentadoria mínima da previdência social, tinha o hábito de retirar os "caramingüás" (em torno de 250, 300 reais) mensalmente, sem solicitar extratos.

Comédia de horror em 7 capítulos

1. A saga inicia-se pela singela indagação, na agência bancária, sobre a origem "da operação". Onde e quando haveria uma autorização dada para o referido débito automático?

2. Vinte e quatro horas após, eficientemente, o comunicado é de que o débito fora devidamente desprogramado. Ufa! Não haverá mais o desconto...

3. Mais dois dias passam. Toca o telefone e uma anapaula (daquelas operadoras de telemarketing) diz ao aposentado que há um crédito para ser "apanhado" no banco. Alegria: os descontos de cerca de 18 meses - foi esse o tempo em que o débito automático agiu na surdina - devem ser ressarcidos.

4. De volta para casa, o que "apanhara" o idoso cidadão? Um crédito, sim, mas consignado. Pasmo! Um empréstimo, não solicitado e tentativamente negado. Argumento "de morte" usado pelo vendedor de plantão: se o senhor não precisa do dinheiro, pode abrir uma poupança com ele e guardar para uma emergência. Sem noção (nossa melhor versão para a expressão inglesa "non sense"). Como pode, em sã consciência, um brasileiro ludibriar um seu compatriota induzindo-o a tomar com a mão direita um empréstimo ao custo de 2,5% ao mês e "investí-lo" com a mão esquerda à taxa de 0,6% mensal? Parece que o treinamento dos bancos anda muito bem estruturado, a ponto de obter esses ótimos vendedores... de pesadelos. E mais! Um outro produto viera, de quebra, no alforje: um plim (se fossem dois, recitados talvez fizessem aparecer o Faustão numa nuvem de fumaça encantada). E tome plano de capitalização! Daqueles que você compra para dar "reciprocidade" ao gerente chato e que quando, invariavelmente, saca antes dos 60 meses, faz deixar, de presente para a banca, metade do principal.

5. Intervenho na mesma data. Em contato com a matriz da casa bancária, sou encaminhado a uma assistência de gerência - uma espécie de gerente genérico. Algum tipo de anapaula mais graduada. Ouço que nada mais pode ser feito porque o INSS é muito ágil (!!!) e o crédito na conta "deverá estar sendo disponibilizado" (sic) já no dia seguinte. Quanto ao plim, este sim, pode sumir imediatamente num plunct-plact-zum...

6. Depois de testemunhar o atestado de competência para a nossa previdência nacional, resta-me usar o único expediente que pode mudar um script de tele-atendimento: a ameaça de acionar a justiça (aquela que, no Brasil, tarda e também falha, mas que a todos assusta pelo nível de cefaléia que provoca "nas partes"). A menção dos três sortilégios "propaganda enganosa", "má-fé" e "código de defesa do consumidor" (registre-se que os bancos tentaram - na mesma justiça tupiniquim - não serem enquadrados no CDC pois não caracterizariam, seus serviços, relações de consumo!?! - perderam, Deo Gratias!), foram suficientes para abortar o blá-blá-blá pré-programado e a robótica anapaula comprometeu-se a "estar verificando" (sic dois) a possibilidade de cancelamento da penca de "benefícios" impingidos ao agora, circunstancialmente, devedor do banco pelos próximos 36 meses. "Mas o correntista vai ter que estar comparecendo pessoalmente na agência (sic três) para pedir a quitação imediata do débito, arcando com os juros dos dias corridos". De acordo.

7. Quarenta e oito horas depois da enunciação da praga tripla, surpresa. Fora conquistada a anulação pura e simples dos arbitrários atos, sem necessidade de quitação de juros ou tarifas. Talvez seja tática para que se olvide o motivo que deu início à saga: o débito automático indevido, do qual não se ouviu mais notícia, senão "uma possibilidade de que tenha sido dada autorização para débito por telefone". Mas isto fica para outra data, talvez longínqüa, pois requererá a paciência de um Watson e a astúcia de um Sherlock - tempo para a produção de mais alguns cômicos desenhos animados, que nem parecem de banco...

segunda-feira, 2 de abril de 2007

O valor das idéias...

Situação: intenção de encerrar antiga conta bancária de salários. Local: Rio de Janeiro. Protagonistas da ação: este signatário no papel do condenado, e o banco Santander no papel de algoz.

Horário de acesso às dependências do patíbulo recém-reformado sob o patrocínio da prefeitura do Rio de Janeiro, a qual "internou" 165 mil pobres servidores na masmorra virtual da conta-salário: 10:50 h.

Passo 1: Sou cortesmente atendido por um garoto engravatado a bordo de um plástico "como posso ajudá-lo senhor?". Dizendo-lhe da minha intenção, fui postado de pé ao lado de um aparelho com a frase: - isto se faz por telefone, senhor.

Passo 2: Cortesmente atendido pela Ana Paula (já repararam quantas anapaulas fazem tele-atendimento hoje em dia?), sigo interrogado sobre números de documentos, "de onde sou?", se servidor público estadual de São Paulo, "da Marinha" ou da cidade do Rio de Janeiro, e das razões da minha intenção - aparentemente surpreendente pelo tom estupefato da mocinha. Afirmando a minha intenção, sou atingido pelo primeiro petardo: o banco me dá - você leu corretamente - o banco me dá 100 reais para que eu permaneça correntista, "para o senhor fazer o que quiser - não é empréstimo, o senhor não vai ter que pagar nunca". Reafirmo a minha intenção - para mais espanto e silêncio do outro lado da linha. Vem a seguinte pergunta: o que o banco pode fazer pelo senhor para que não nos deixe? Minha singela resposta: - nada. Silêncio sepulcral do outro lado. E depois: - nada? Então está bem, senhor. O senhor tem algum saldo na sua conta? Respondo que sim. Ah! - percebo o alívio da Ana Paula: - então não posso encerrar sua conta agora; o senhor tem que sacar o seu saldo para depois fazer o encerramento. Pano rápido - digo - desligo rápido e dirijo-me à fila do caixa.

Passo 2: No caixa, ouço outro simpático e jovial "o que posso fazer pelo senhor, senhor?". Digo eu: - gostaria de fazer uma retirada; um cheque avulso para encerrar a minha conta. Depois de degladiar-me por quinze minutos com o caixa (que deixara o sorriso, passando a exibir uma feição consternada, quase de pêsames) pois o mesmo queria que eu soubesse o meu saldo (quando resolvi encerrar a conta, no início de fevereiro, tinha 120 reais - e percebo então, que no último dia de março, restam-me apenas míseros 66), entregasse o cartão magnético e falasse com um gerente sobre o assunto, porque, afinal, poderia haver algum outro "produto" do banco vinculado à conta-corrente; um seguro, uma capitalização, um investimento, um empréstimo... Consigo finalmente fazer o saque.

Passo 3: De volta ao "orelhão", Ana Paula (outra delas) atende, faz todo o rol de perguntas novamente (número do CIC, do RG, se conta-salário, também o número do hollerith etc. etc. etc.) e dispara o segundo petardo com que sou alvejado (talvez agora de morte e, portanto, talvez permanecendo "no banco"): - nós vamos estar disponibilizando (sic) para o senhor um desconto de 50% em todas as tarifas. Assim o senhor vai estar adquirindo (sic e mais sic) um valor de mais de 60 reais no semestre! Diante da minha (absolutamente louca, para ela) negativa, vem um longo silêncio e a bem decorada questão: o que o banco pode fazer pelo senhor para que não nos deixe?. Respondo contrito: - nada. Ela, então, manda outra pergunta do "script", e nova: - o senhor tem alguma operação ligada à conta; cheque especial, cartão de crédito, débito automático? Digo que não, mas ela percebe que havia ("do verbo não há mais") um antigo financiamento (quitado em dezembro) e que, "por causa disso" eu deveria ir à gerência e... Diante de minha impaciência e do relato de tudo o que já fiz: ligar para sua colega Ana Paula, ser orientado a sacar e ter sacado, vem, finalmente, a minha "liberdade", mas na "condicional": - vou fazer um "requerimento de encaminhamento de encerramento de conta", mas o senhor terá que estar verificando (sic, mil vezes sic) depois com a gerência se a conta foi mesmo fechada. E, finalmente (aleluia!), recebo meu salvo-conduto, o redentor "número de identificação da solicitação de encerramento de conta-corrente" - que anoto rápida e sofregamente - o qual permite-me ir embora daquele ofuscante e muito iluminado ambiente.

Horário: 11:30 h, perfazendo, portanto, quarenta minutos "de detenção".

(I)moral da história: deveria ser crime inafiançavel um banco oferecer, de graça, o equivalente a dez dias do salário-mínimo líquido de um brasilero pai-de-família. Eu, felizmente, pude recusar o "presente" e viver para contar tal espanhola saga.