sábado, 22 de janeiro de 2011

A teimosa sigla MEC reivindica. Tragam a cultura de volta para casa.

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Matéria de hoje, no jornal O Globo, intitulada “Cultura de abandono”, dá conta de (mais um) descaso público –, no caso, com a desimportante(*) tarefa da Cultura.

Centros culturais abandonados, nada divulgados, mal geridos, pouco procurados pela população da cidade que – ainda, teimosamente – se quer capital cultural do Brasil.

Some-se ao descuido com os citados espaços Laurinda Santos Lobo, Oduvaldo Vianna Filho, Hélio Oiticica e Parque das Ruínas, a situação da mastodôntica Cidade da Música Sem Nome (pois que a família, esperta e sabiamente, abriu mão da “homenagem” a Roberto Marinho perpetrada por aquele alcaide maluquinho).

Qual Titanic encalhado, a obra parece assombrar a Prefeitura – que não a inaugura pois sabe que, dado o “pontapé inicial”, terá que “administrar” a falta de gestão, a falta de programação e a falta de gente (à frente e por detrás das cortinas) de suas nababescas instalações, que custam ao contribuinte algo como 1 milhão de reais a cada mês, só pelo fato de existirem. Sem acender, sem funcionar, sem nada.

Talvez seja hora de, finalmente, reconhecer-se um erro histórico e cuidar do ambiente, cuidar da defesa civil, cuidar das mudanças climáticas, cuidar da gestão de águas e esgotos, cuidar dos trens, das vias e do ir e vir aéreo e aquaviário, e trazer a Cultura de volta à esfera da Educação (pois que não há uma sem a outra).

A Educação, pelo menos, ainda tem orçamento para funcionar. A Cultura quase não tem e o pouco que tem ainda se contingencia. Noutro dia o MinC informava que chegaria ao orçamento de 2010 se as “praças do PAC” – seja lá o que isso for – fossem incluídas, ao lado das emendas de parlamentares (algo absolutamente nefasto do nosso sistema político) que, se retiradas, significariam perda de 60% da pífia dotação de nem 0,2% do PIB brasileiro (a Unesco recomenda o investimento de, pelo menos, 1%).

(*) Nem um partido político no País ambiciona gerir secretarias, fundações e, até, ministério, quando o assunto é Cultura.

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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Baixo Biltre Brasil 2011.

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No lugar dos valores da vida, preferiu-se o poder, o sucesso e a riqueza por si mesmos.
Sigmund Freud, 1930.

Sobram os atormentados pela miséria moral e material porque escasseiam fiéis dispostos à renúncia, decorrente das exigências dos ensinamentos do Senhor. Em consequência, avolumam-se os seguidores de uma anticultura, a do consumo, a do prazer, a do prestígio, a da busca desenfreada do dinheiro e do poder. Não são contestados com vigor pelos que deveriam sentir-se obrigados a fazê-lo. A coragem é necessária em nossa época onde predomina a covardia.
Dom Eugenio Sales, 2010.

E o mais nefasto fato (pelos milhões de almas que afeta) até aqui, neste ano; mais que as chuvas (pois que voluntário), mais que a briga podre de PT e PMDB pelo butim ministerial (pois que dispensa intermediários para faturar), ou mesmo "o Oklahoma do Obama" (pois conta com o beneplácito de todos os que se encontram no poder), é a produção de mais um BBB pelas onipresentes Organizações Globo. Com o testemunhal do casal 'família' Videogame-Caldeirão numa das quotas de patrocínio.

E, para quem mora no Rio de Janeiro, quase não há saída, a não ser dar uma espiadinha... nos salões de cabeleireiro, consultórios dentários, restaurantes, táxis...

Só quem já viveu em outra cidade, em outro estado, consegue sacar, mesmo que só desconfie, intuitivamente, o que é a presença de uma mídia hegemônica - que nem precisa ser monopólio, pois que programas (em outras emissoras) como o "Pânico" e "TV Fama" tratam de cartelizar a "globalizada" (como canta o samba-enredo institucional da Rede Globo ora no ar, aliás) audiência em mais uma ação entre amigos do PGI [Partido da Grande(?) Imprensa(?)].

Entretenimento (de baixo nível cultural): 10
VERSUS
Jornalismo (a serviço dos patrões): 1

Disfarçados de jornalistas (a propósito, nunca se viu tantos jornalistas travestidos de garotos-propaganda como agora), os vendedores de sonhos impossíveis de consumo às entrantes classes C, D, E, F, G, H, se refestelam em salários dignos (?) de Ronaldinho Gaúcho para empurrar goela a abaixo seu fantástico show da vida.

Quando se fala em controle social da mídia – algo que existe em todos os países civilizados, claro, sendo o "ar" propriedade do Estado e, portanto, vetor de serviço à cidadania – enraivecem brandindo a liberdade de imprensa, omitindo que mais de 90% da programação que produzem e despejam na audiência indefesa é de entretenimento e não de noticiário.

– Mudem de canal! Os pais podem monitorar o conteúdo que seus filhos assistem... É o mote daqueles que não gostam da argumentação acima. Quantos pais e mães das classes C, D, E, F, G, H estão nos lares "cuidando da mídia" que seus filhos entornam diuturnamente?

E ainda cobram do Governo o cumprimento do Artigo 222 da Constituição Federal!

Vide matéria clipada em 04/01/2011 a respeito no link a seguir:

http://www.marketing-e-cultura.com.br/website/clipping/clipping-abcd.html

Desinformação até nos ônibus

No Rio, agora, além das salas de espera, você encontra o – cada vez mais frequentemente constrangedor – produto global também nas telinhas dos ônibus "quentões". E parece que o estado de tela quente ainda piora o conteúdo: informações imprecisas, dados jogados ao acaso, bobagens travestidas de notícias, factoides promocionais, erros de português aos montes e muita, muita propaganda das próprias Organizações.

E campanhas para todos os gostos. Fotografe a sua comunidade! Seja repórter por um dia! Globo e você - já são dois gritando! Quero o "meu" Rio... Merchandising social nas novelas - "cidadania..." (na voz daquele locutor que fez sucesso na Rádio Cidade, mas que as Organizações aprisionaram em um bunker – nunca mais foi visto) – "... a gente vê por aqui". Pior que isso só o bíblico Cid Moreira clamando, crédulo... oh! Mister "M"...

Sem o concurso do mascarado mago, o que vem por aí é "mais um campeão de audiência", conduzido pelo talvez mais dissoluto dos núcleos globais (a disputa é ferrenha). E com direito a recomendação, na véspera, do bonna gente Totony Ramos no imperdível programa menos inteligente Mais Você.
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