quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Propaganda com incentivo dos outros é refresco

E a lagoa Rodrigo de Freitas agoniza, como retrata a reportagem publicada no jornal O Globo de 27/12/2007 e intitulada “Lagoa: abandono em cenário de cartão-postal”. Nem por isso a Bradesco Seguros e Previdência deixa de faturar alto em termos de promoção com seu “símbolo de esperança para a família brasileira”.

Árvore de Natal é cultura... nórdica

Cláudio Motta, repórter, escreveu: “Uma paisagem de cartão-postal e a presença da maior árvore de Natal flutuante do mundo fazem da Lagoa um dos pontos mais charmosos da cidade. Mesmo assim, o local sofre com o abandono: mato alto, brinquedos quebrados, postes tortos, trouxas de roupas penduradas por moradores de rua em árvores, lama e mau cheiro deixam chocado quem vai ao local. Nem as águas escapam: estão poluídas e com lixo”.

E vamos ver como fica a Lagoa depois de retirada a parafernália natalina, dia 7 de janeiro. Se for para repetir o ano passado, o cenário será de terra arrasada, tipo "já fizemos o bem à cidade, agora..." que a cidade trate de refazer calçadas destruídas, canteiros dizimados e águas mais sujas ainda. Não seria o caso de obrigar os ilustres sponsors, a, após suas "ações de marketing" realizadas em locais públicos (mesma indagação aparece na matéria sobre o "caso" MASP), devolver logradouros, mobiliário urbano, canteiros e luminárias melhores ainda do que encontraram antes de despejarem a horda de terceiros (eles, sempre eles é levam a culpa nas costas) a seu serviço?

E por falar em árvore, registre-se o absurdo corte de pinheiro centenário para fazer decoração natalina no Vaticano. Será que já não foi a hora de se plantar um pinheiro por lá? Bem, talvez os pontifícios arquitetos discordem... Por que não, então, plantar por lá um monstrengo metálico parecido com o da nossa Lagoa? Há tempos não via imagem tão anti-ecológica quanto a mostrada - com destaque, exultando a beleza do espécime e quão linda árvore natalina daria - no noticiário, registrando a derrubada e o transporte da pobre conífera.

Parada também é cultura... nos Estados Unidos

O banco do mesmo grupo patrocina, com exclusividade, já há dois anos, e também com discutíveis incentivos fiscais, o showbizz “Cirque du Soleil”. E no Rio de Janeiro, a Coca-Cola também “faz das suas” incentivadas artes: obtém renúncia fiscal (estadual) para realizar seu evento multimídia “Vibezone” e a “Parada Iluminada”, evento de Natal. É para pensar...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Orange County é aqui

E o prefeito maluquinho continua a fazer das suas. Agora o imperador resolveu - por decreto (instrumento romano utilizado pelos césares quando entediados com a democracia), é claro, - que 2008 é o ano jubileu de ouro da bossa nova. Assim. Fácil e rápido. Não é genial? Parecido com aquela sua (óbvio, de quem mais?) idéia de decretar (outra vez) "patrimônio cultural" tanto o samba quanto a torcida do Flamengo. Em rápidas penadas. Assim. Fácil e rápido. Que me perdoem os rubro-negros, mas a galera bem que merecia um mecenas melhor.

Talvez os muitos servidores culturais do alcaide... sim, muitos, porque as secretarias de cultura costumam ter muitos servidores e o Rio não tem uma secretaria de cultura comum, mas uma secretaria de culturas. Isso mesmo, no plural... então, que possam os muitos servidores estudar um pouquinho e explicar ao seu supremo líder que se um bem de patrimônio material requer muito estudo e documentação para obter tombamento e conseqüente proteção; por sua vez, um bem de patrimônio imaterial - caso do samba - requer ainda mais cuidado e critério para registro (palavra que substitui tombamento em se tratando de bens imateriais). Não é algo que se resolva por decreto.

Já não é de hoje que o mala resvala

O nosso Czar já havia considerado dignos de apoio da prefeitura apenas os projetos culturais cuja temática fosse a chegada da família real ao Rio de Janeiro em 1808 e, no início de sua gestão, apoderara-se da cor, dos tipos e da boa imagem da Comlurb, pintando o Rio e sua prefeitura de laranja.

Laranja mecânica

Não satisfeito, depois, o todo-poderoso, mudou a história e alterou o já cinqüentão plano Doxiadis, tascando numa placa: "essa linha agora é laranja", modificando a denominação (correta) da linha vermelha.

Felizmente, o carioca, fazendo do laranja algo melhor que uma laranjada, despachará, o maluquinho para as calendas DEM... para, se Deus (que é brasileiro) quiser, nunca mais voltar.