quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Ressaca de - más - notícias.


O Jornal das 10, da Globo News, é programa reprisado sempre às duas da manhã do dia seguinte. Quando perco-o "ao vivo", lá estarei eu, atrasado, até as três horas da madrugada, assistindo o que considero o melhor telejornal disponível no dial. Não é um telejornal nota dez. É sete, bem entendido.

Mas a edição de ontem fez o grau baixar a zero. Não por causa do apresentador, dos repórteres, editores, redatores ou técnicos. Por causa do conteúdo. Na verdade a nota zero é para o Brasil ali retratado.

As notícias:

(1)

Câmara dos Deputados aprova, por unanimidade, o voto aberto, doravante, em todas as votações legislativas, e em todos os níveis; federal, estadual e municipal. Hipócritas! Por que, então, a votação de uma semana atrás deu vitória à tese do deputado detento? Vagabundos! Fizeram esta votação de segundo turno SETE anos após a votação em primeiro escrutínio, de 2006, também unânime pelo fim do voto secreto.

Alguma coisa está fora da ordem

Porque agora o projeto vai a uma Comissão do Senado Federal e, depois, terá que passar por dois turnos de votação. Quando será que a revolucionária decisão estará valendo? Pela (des)ordem natural das coisas, daqui a outros sete anos. Nunca a tempo de reverter a ira popular que se sente no ar para as comemorações do 7 de setembro.

(2)

Diretores do Banco Nacional são presos pela manhã e libertados à noite. Nem uma soneca tiraram na cadeia estes senhores que deram uma tunga de quase 10 bilhões de reais em... 1995!!!

Por que foram liberados?

"Pela idade dos acusados" diz o apresentador. Isto quer dizer que a nossa justiça falha e tarda. E porque tarda, mais ainda falha na punição muito devida desses ladrões.

(3)

Trem da Supervia (super o quê?) quebra e, após meia hora de espera, os passageiros vão para os trilhos, andar a pé, pela segunda vez em uma semana. Uma composição foi incendiada e a vidraça de uma bilheteria foi quebrada.

Maldito gerúndio

Após mais este "incidente", a Supervia "soltou" (as organizações andam se comunicando como que por flatos) uma nota "pedindo desculpas aos usuários, lamentando o ocorrido e dizendo que está fazendo investimentos para a melhoria do sistema". E só.

Esta aí mais um caso típico para o Ministério Público acionar com base na tese da má prática da comunicação institucional, aquela que induz a erro, falta com a verdade, fornece informação incompleta e engabela a imprensa (que só faz reproduzir as desculpas esfarrapadas), ganhando tempo para que tudo se apague da memória coletiva.

Moral da nossa história

Depois, a sociedade, a imprensa, a opinião pública - essas nossas instituições tão capengas ficam surpresas com a violência com que certos manifestantes se expressam...
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Um comentário:

Lucia Helena disse...

O que há, Marcondes, é a vontade política e midiática de passar o público e a inteligência do público para trás. Segurem as carteiras.