terça-feira, 7 de agosto de 2007

O meio e a mensagem

E o marketing vira malketing...

Quando uma autoridade - ou seus assessores - acredita que a percepção que este ou aquele segmento da opinião pública tem a respeito do seu trabalho é uma questão de marketing, temos aí um mau exemplo do emprego da palavra técnica que não ganhou tradução entre nós, brasileiros: marketing.

Mas quando, para além da fala infeliz, veículos de comunicação reproduzem tais "pérolas" sem o devido reparo - que poderíamos esperar de uma mídia responsável em um país de semi-analfabetos -, ampliando a (errônea) compreensão de que marketing é algo "do mal", aí temos mais que mau jornalismo. Trata-se de deseducação. Burra e perigosa ao mesmo tempo. Isto porque os veículos de comunicação são a ponta mais bem acabada de toda e qualquer estratégia de marketing e desses próprios é que não se pode tolerar a mal-versação do termo.

Erro recorrente

Quando a cantora Maria Rita quis explicar o episódio constrangedor em que sua gravadora distribuiu i-Pods aos jornalistas presentes a lançamento fonográfico - recebendo-os todos de volta - atribuiu a idéia da ação ao departamento de marketing, "né, gente?".

Então, tá, Maria Rita. Fica combinado que o departamento de marketing é aquela salinha de onde só saem coisas-ruins, monstruosidades anti-artísticas, engodos e forçações de barra.

Enquanto não respeitarmos o marketing em tudo aquilo que significa o seu processo integral, ou seja, a concepção de produtos/serviços, sua viabilização econômico-financeira, sua distribuição e sua comunicação e limitarmos o seu entendimento à visível propaganda, e sobretudo àquela do tipo enganosa, como a atribuída aos políticos, não podemos aspirar à posição de país contemporâneo, com mídia livre e opinião pública digna de crédito.

(Comentário acerca da matéria publicada no jornal O Globo, em 05/08/2007, sob o título "Classe média é problema de marketing, diz Planalto" - capa e página 13).

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