quinta-feira, 10 de março de 2011

TV O Globo - Olha a propriedade cruzada aí gente!

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Infalível!

Cirúrgico!

Cortante como um bisturi, O Globo disseca, em editorial, logo após o Carnaval - talvez as pessoas ainda estejam meio anestesiadas com a premiação do seu "enredo" global - sua visão de liberdade de expressão. Não a de imprensa, que lhe é de direito. Mas a de entretenimento sem regulação, descumprindo a Constituição Federal. E a de caixa-registradora - muitas vezes incentivada - a praticar a veiculação mais cara do mundo, em dólar.

Só no Brasil incentivos fiscais desaguam em emissoras comerciais. De filmes e festivais de rock. De patrocinadores de novela a pseudo-ONGs. Do merchandising ao futebol.

A cara-de-pau global chega a tal ponto que o texto defende direitos autorais para matérias jornalísticas! Claro... o copyright é da Infoglobo e não dos jornalistas cada vez mais cartelizados (produzindo matérias para "n" veículos ao mesmo tempo). Ou dos estagiários aos montes que - como está no editorial - escrevem (sic) Criative Commons.

Plim Plim

O jornal apoia a ministra da Cultura - algo que anda escasso - quando esta extirpa a visão da gestão anterior (de que o governo Dilma deveria ser continuação) quanto à possibilidade de flexibilização dos direitos autorais. E faz isso dizendo que apoia o direito do autor decidir, "sem amarras" legais, "o que fazer com a sua produção". Na página 6 diz "não confundir a defesa do autor com o descabido monopólio... sobre a biografia, a ponto de contrariar o direito constitucional à liberdade de expressão" e nas páginas (inteiras) 10, 11 e 22 exalta um "rei" que censurou e tirou de circulação uma biografia jornalística. E com direito a meia-página (mais um sambódromo inteiro) de patrocínio. Non sense. (Ou, como diria um aluno meu, "muita falta de sem noção").

É isto o que as Organizações querem. Atuar sem regulação, sem limites. Já terceirizaram até o departamento de recursos humanos. Direitos trabalhistas? Isto é coisa do Brizola. Querem mesmo é o jornaleiro Lupi.

Ancinav

O editorial retoma, também, a natimorta agência que Lula e Gil quiseram estender do cinema (Ancine, já existente) ao audiovisual, abarcando a televisão - como acontece em todos os países civilizados do mundo. Um escárnio. Chutar cachorro morto.

Conselho para os jornalistas

Estranhei a não menção a outro "cão danado" do governo anterior. A tentativa - legitimíssima - da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) de criação de um sistema de conselhos federal e estaduais de regulamentação e fiscalização profissional, à exemplo do Sistema CONFERP/CONRERP, dos relações-públicas - (do qual faço parte), do CREA, do CRM e da OAB.

Um sistema como esse realizaria o sonho - digo eu - de Mino Carta, quando os jornalistas do Brasil deixariam de chamar os seus patrões de "coleguinhas".

Resta a esperança em Paulo Bernardo, ministro das Comunicações, de fazer migrar aquela estrutura bilionária que dirige dos temas ligados a satélites, antenas, cabos e tomadas para cuidar, como fazem seus congêneres, mundo afora, do conteúdo que as concessões públicas de rádio e TV fazem chegar aos quase 99% dos lares brasileiros. Comunicação é cultura - coisa que, aliás, o MinC hoje, diferentemente do que ocorria na gestão Gil-Juca, desconhece.

Lei Rouanet é do governo Collor. Revogação... nunca!

Fora com essas discussões intermináveis do PT! - vitupera o editorial (textual: "Não importa que o projeto tenha sido apresentado à audiência pública...").

São muitas emoções. Está indigesto? Não dá para entender, afinal temos o patrocínio da vovó Nestlé.

E.T. 1: A autodenominada TV O Globo do título deste post está na seção "Por dentro do Globo" na página 2 da edição de hoje do jornal.

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