As Olimpíadas acabaram, mas a China continua "no ar".
Para nós brasileiros as notícias foram do fiasco integral à consagração minguada dos poucos atletas de ouro, um deles totalmente "americanizado".
Estreamos este ano a lei de incentivo ao esporte. Inauguramos arenas multi-cores, parques super-aquáticos, ginásios poli-esportivos. Todos muito sub-utilizados após os jogos pan-americanos.
Quantos milhões a mais não foram gastos com a pressa e a improvisação de sempre amparadas pelo fato de que iriam significar "uma nova era para o desporto brasileiro". Ah... os políticos e seus discursos...
Quem, de verdade, é que precisa de incentivo?
A resposta parece fácil (e óbvia): o atleta, a equipe, os treinadores, o clube de regatas.
E quem, realmente, recebe o incentivo?
A resposta enrubesce: as teles, os bancos, os cartolas, as cervejarias, a mídia. Repetimos os erros das leis de incentivo à cultura que enquanto aquinhoam os artistas já consagrados, deixam à penúria quem precisa entrar no mercado.
Mercado?
Palavrinha traiçoeira, capaz de assustar os puristas de plantão. Mas no caso dos nossos atletas, exatamente como acontece com nossos artistas e produtores culturais, as leis de incentivo são utilizadas por quem pode mais, deixando à própria sorte quem pode menos.
Mercado nesses casos é - talvez só isso - mercado de trabalho. Trabalho que remunere com dignidade e que permita a alguém viver da dança ou da luta greco-romana, da música de concerto ou da ginástica, da ópera ou do atletismo.
Até o nosso multi-milionário futebol peca pela falência, saindo diretamente das páginas de glórias passadas de nossos craques para as policiais já tão familiares de nossos administradores futebolísticos.
É preciso corrigir os rumos da lei de incentivo ao esporte antes que ela se torne uma outra lei Rouanet, que mais frustra do que dá apoio a quem realmente necessita de incentivo; ou seja, trabalhadores em "início de carreira" e o próprio público "consumidor".
domingo, 31 de agosto de 2008
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