quinta-feira, 18 de abril de 2013

Lei retira exigência de mestrado e doutorado para professor nas Universidades Federais.


LINK PARA A MATÉRIA DA FOLHA DE S. PAULO

Apesar do imbroglio costumeiro - o governo oscila - esta medida, que "desengessa" a liderança dos departamentos/faculdades, traz alguma esperança de bom senso na admissão à carreira acadêmica nas IES públicas.

Algumas áreas de saber e de fazer, como a minha, da Comunicação, por exemplo, preconizam disciplinas ditas "práticas" (digamos, à base de 50% dos currículos) que não podem prescindir de quem tenha, efetivamente, conhecimento "de mercado". Não teórico, tipo "imagine, ali, um teleprompter", mas prático.

É claro que a formação em nível superior não quer formar mais um técnico, apenas - mas, antes, um técnico que reflete sobre sua prática, com potencial para mudá-la, aperfeiçoá-la e, até, um dia, quem sabe - foi o que aconteceu comigo - interessar-se em estudá-la mais a fundo, pesquisar sobre ela, tentando inovar (palavra de ordem), e tornar-se um "acadêmico".

Entrei para a UERJ como Professor Auxiliar, que é o nível que exige graduação e/ou especialização. E a minha vida - com o apoio da própria Universidade - encaminhou-se para um mestrado (ainda trabalhando "fora", no tal do "mercado") e um doutorado, aí já como um acadêmico 'full time'... que é a minha condição atual.

Fui voto vencido em muitas ocasiões em que defendi a contratação de professores auxiliares ou assistentes (com mestrado) ao invés de só adjuntos (com doutorado) - o que se tornou a regra, nas IES estaduais e federais - para o detrimento da formação de jornalistas, relações-públicas, publicitários, produtores editoriais e culturais, e radialistas, na minha opinião.

Infelizmente, hoje, o que acontece nas universidades públicas, é que a graduação está "terceirizada" a 'outrem', pois os professores efetivos não dão aulas nos bacharelados (ou o fazem no mínimo possível, embora imoral). Cheguei a "chefiar" um departamento com uma equipe composta por treze professores efetivos em sala de aula: seis efetivos e sete substitutos, e 60% das turmas-disciplinas lecionadas por docentes não-uerjianos. Algo grave, a meu ver.

Restringir, somente a doutores, o condão de formar nossos futuros profissionais sempre foi - na minha opinião, friso - um equívoco que exigia mudança. Não pode ser uma mudança "burra", óbvio, fazendo uma reviravolta de 180 graus e passando a radicalizar no foco contrário, ou seja, "impedindo" mestres e doutores - o que seria outro, talvez maior, absurdo.

Que o bom senso prevaleça e possamos ter, nós, professores adjuntos, ao nosso lado, nas salas de aulas, assistentes e auxiliares comprometidos com a formação de futuros colegas, nas nossas profissões "de origem".

No meu caso, sou professor universitário, mas nunca deixarei de ser relações-públicas.
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