terça-feira, 25 de setembro de 2018

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Hoje pela manhã, ouvindo Ricardo Boechat no rádio do carro, peguei um finalzinho de comentário que citava matéria publicada na Folha que traria notícia do regozijo de alguém frente ao incêndio que consumiu o Museu nacional, em 2 de setembro último.

Interessado no assunto, uma vez em casa, fui atrás da edição digital da Folha. Li e pasmei diante da seguinte 'matéria':

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/09/pequeno-circulo-de-poder-celebrou-fogo-no-museu-nacional.shtml

Matéria paga, bem entendido. Se a UFRJ não comprou o espaço, certamente a Folha de S. Paulo vendeu-se ao PSOL - sigla que abriga a Administração Central daquela universidade. Não é preciso ser tucano ou petista para saber que o que falta na questão da perda irreparável ao país é a responsabilização do autor do texto-jabá, o atual (des)reitor da UFRJ, juntamente com sua 'diretoria' do Museu Nacional. Se houve quem comemorou a 'queima de arquivo foram esses.

Rick Seabra, no Facebook:

Para o Museu do Crato, o IBRAM e nada eram a mesma coisa. Claro que me preocupo com esta nova agência e gastos em altos salários. Mas o que os museus precisam é de dinheiro MENSAL DE MANUTENÇÃO (um conceito que não existe na máquina pública). Antes de tomar alguma posição eu queria saber QUANTO o IBRAM custava para se manter e QUANTO repassava por mês para os seus 27 museus.

Eu, em comentário:

Como não sou regido pelo mote 'Fora Temer', ouso dizer que ambas as medidas são respostas - até rápidas - do Brasil oficial (no caso, o Governo Federal, goste-se dele ou não) à tragédia da (indi)gestão da UFRJ somada à inútil - e curta - vida de um instituto que foi criado por Lula para dependurar apaniguados, e que nenhuma contribuição trouxe ao setor (ouçamos o MinC sobre esta extinção).

A tribo dos fora-temer, que não consegue encontrar outro mote na vida, criticou a medida alegando 'desmonte' e falando em 'cabides' na ABRAM proposta. Ora, é público e notório que o IBRAM, este sim, foi mais um armário cheio de cabides e vazio de ações. Uma agência no formato proposto é uma das vias que, no mundo civilizado, permitem cooperação entre governos, empresas e terceiro setor na preservação de patrimônio museal.

Claudio Manoel, no Facebook:

Ainda um pouco mais sobre o PSOL (Partido Socialista do Leblon - copyright meu): fui brincar falando sério num post anterior e logo apareceu gente pra passar pano: “mas era só um filiado”. Eu sei: o fato do esfaqueador ter sido do PSOL e agora ser fã do Daciolo (assim como o próprio Daciolo), não quer dizer nada... nada mesmo !

Eu, em comentário:

Quando fui visitar o Museu do Ipiranga há três ou quatro anos atrás e dei com a cara nos tapumes, não me revoltei. Isto deve ser exemplar: fecha-se, remove-se e protege-se o conteúdo, reforma-se - para, só então, abrir as portas novamente.

Parabéns à USP por sua atitude corajosa.

Vergonha - o comportamento institucional da UFRJ com relação ao Museu Nacional.

Solidarizo-me com os colegas pesquisadores e professores. Dói. Infelizmente, também fui mantenedor de um patrimônio hoje em cinzas por atitude de gestores criminosos que me sucederam.

Sendo de São Paulo, o Museu Nacional não ocupou este espaço de mais-ir quantitativo do que o Museu do Ipiranga. Mas nas férias - sempre passadas no Rio - era "o" lugar.

D. João VI legou-nos outros lugares assim: o MNBA e o Jardim Botânico.

Mas o Museu Nacional, já aqui, diariamente no meu caminho para a UERJ, era uma presença, algo que estava sempre lá a lembrar-me de origens, caminhos, descaminhos e legados culturais.

Também prego a impermanência como consciência individual necessária mas, para nossos filhos, como - agora - apresentá-los ao Brasil?

O país cometeu um suicídio no domingo. Como se portar, como filho, numa circunstância como esta, da falta de um pai, uma mãe? Estou zonzo ainda e não sei o que fazer ou, sem casa, para onde ir.

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Mais:

Monica Waldvogel, ontem, no 'Em Pauta', detalhou bem os números, e responsabilizou, no ar, o (des)reitor.

No fundo de sua alcova, creio, ele está exultante: 'fora família real!', 'fora memória dos dominadores eurocêntricos!', 'fora escravagistas!', 'nunca antes de Lula houve este país!'.
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