quarta-feira, 1 de junho de 2011

- Não é um país sério! De Gaulle? Não, eu!

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Está ficando cada vez mais difícil ser brasileiro e dormir bem.

Não, não são os mosquitos da dengue. Apesar de não receberem combate à altura.

Também não são os aviões que sobem e descem em Congonhas fora dos horários recomendados - estes já estão na base do "ilegal, e daí? global".

Refiro-me à consciência - aquela musa de sono mui leve que tentamos ninar todos os dias depois de muito trabalho...

Trabalho este meu que, apesar de ser de consultoria, deve ser muito diferente daquele de um Antonio Palocci, por exemplo. Sim, porque suo muito para vender minhas habilidades e competências por cem reais a hora e o ministro faturou 20 milhões de reais em pouco mais de 4 anos... E isto acumulando os jobs com a extenuante atividade parlamentar entre Brasília e... (onde é mesmo que fica o domicílio do ex-prefeito de Ribeirão Preto?) o seu novo apartamento de 6,6 milhões de reais.

Cadê o C. F. A.?

Indago se não é um caso para o Conselho Federal de Administração.

Explico: a atividade de consultoria, quando constante de um contrato social de empresa implica, necessariamente, no registro da mesma no Sistema CFA/CRAs regionais. Ora, se o ministro não faz consultoria e sim tráfico de influência (afinal, cadê os working papers? cadê os time sheets? cadê os comprovantes da consultoria de zilhões de horas que geraram tão polpudos rendimentos?), não deveria poder criar uma empresa "de consultoria" igual à minha, por exemplo.

Centro Empresarial Senado.

Este é o nome - parece galhofa... e é - das duas torres erguidas num quarteirão inteiro que abarca a rua Henrique Valladares, no centro velho do Rio de Janeiro. Acabei de passar, engarrafado, em frente.

Os gigantescos arranha-céus foram objeto de pendengas na justiça, uma vez que suas fundações abalaram vários imóveis nas redondezas e sua construção travou toda a circulação no bairro. Nada se pôde opor, porém, às obras. Afinal, como dizem todos os taxistas da cidade, para ali vai... a Petrobras!

Petrobras? Aquela mesma da Sede, na avenida Chile? Ou será aquela "internacional" da Almirante Barroso? Ou aquela, distribuidora, perto do Maracanã? Ou a novíssima universidade corporativa, na Cidade Nova?

Nada disso. Trata-se de duas torres erguidas em formato de bigode (vista aérea... e que deve ser uma homenagem ao eterno José Ribamar Sarney), pela empresa WTorre - sim, aquela mesma que figura entre os - êpa - sigilosos clientes da consultoria "Projeto", do Palocci.

É por essas e por outras que o lobby precisa ser regulamentado no Brasil. Esse é o genuíno tipo de "consultoria" do senhor ministro. Trabalho por comissão, isto sim. E numa percentagem "de sucesso" (como enrolou-se o Eduardo Suplicy para tentar explicar, ontem) até baixa - mas que a um político na ativa deveria ser vedado -, se considerarmos que a Petrobras alugará as tais torres por cerca de 13 milhões de reais ao mês, contribuindo para o completo caos no entorno da sede da Polícia Civil.

Criatividade sem limites.

Mais singelo ainda que o nome do edifício, que bem poderia ter no saguão os bustos de um Romero Jucá, de um Renan Calheiros, ou de um Jáder Barbalho, é o slogan da construtora WTorre, aposto assim, bem grande, na placa em frente ao canteiro de obras: "empreender é surpreender".

É, os torcedores do PT que puseram Palocci lá em Brasília, já por duas vezes, não devem parar de se surpreender com o empreender do nosso médico ribeirão-pretense.
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