sábado, 27 de junho de 2009

O ano de 1958 começou a terminar...

Bad

E com a morte de Michael Jackson, a história do século XX levou um baque dos grandes.

Tudo aquilo que o segundo milênio gerou e que sublimou-se nos 50 anos do pós segunda guerra mundial - o mais vertiginoso período do desenvolvimento humano - pode ser traduzido pelo empuxo dado pela indústria cultural pós-Beatles, de 1970 a 1999, justamente o período de ascensão e queda do astro-mór pop.

Os 4 de Liverpool viviam o fim do sonho e Michael emplacava, aos 14, em 1972, o seu primeiro grande hit, "Got to be there". Depois veio "Ben", do mesmo ano, e "Music and me", de 1973, - ano, aliás, de grande ebulição do rock progressivo. As paradas, no entanto, eram dele.

Music and me

Aquelas músicas que faziam parte das trilhas sonoras de novelas e a inexistência de videoclips significaram, para muitos jovens já da geração "televisão", um prolongamento da era do rádio. As músicas eram boas e faziam sucesso. Não era preciso recorrer a imagens. Mesmo num segundo "estouro" de Michael, na era disco ("Billy Jean" - 1983 -, "Don't stop 'till you get enough" - 1979 -, esta última é tema de abertura do programa Videoshow, da Rede Globo, desde 1983), as imagens (toscas, por sinal) eram dispensáveis. O apelo que nos fazia dançar sobrepunha-se a tudo. E uuuhhh!!!

O paradigma seria quebrado pelo clip cinematográfico de "Thriller", mas isto é outra história.

I'll be there

Se fosse brasileiro, Michael Jackson seria um integrante daquele "contingente" que o Serviço Militar chama "classe de 58". O ano que não devia terminar - na visão (e na obra) de Joaquim Ferreira dos Santos - vai acabar, infelizmente, quando Madonna - o outro "membro" relevante da classe de 58 - se for. Está, pois, nas mãos, nos pés e na saúde da Material Girl o fim não só daquele ano mágico (também do primeiro campeonato mundial de futebol do Brasil, na Suécia), mas o final simbólico do próprio século XX. Assim como se considera terminado o século XIX com o início da primeira guerra mundial, em 1914, a queda do muro de Berlim, em 1989, como o (prematuro) fim do século XX e o ataque às torres gêmeas, de 2001, como marco-início do terceiro milênio.

Não consigo lembrar-me de onde estava quando John Lennon morreu, em 1980, mas nunca esquecerei da hora e do lugar - e de quem trouxe a notícia até mim - da morte de Michael.

"Us" quem, cara pálida?

Os milhares de Maicon espalhados pelo Brasil são testemunho vivo da importância do artista no imaginário popular. Mesmo que vivendo em uma bolha - ou em uma câmara hiperbárica, ou em um rancho na Terra do Nunca -, Michael Jackson conseguia infiltrar-se em nossos toca-discos, nos posters de nossos quartos, na laje carioca (cantando "They don't really care about us") e na MTV, que formatou, viu nascer e decair.

Got to be there

Michael Jackson é "o" case pronto e acabado do modus operandi e do poderio da indústria cultural. E os "produtos" com sua "marca" continuarão faturando - talvez até mais daqui em diante -, a exemplo do que acontece com Elvis Presley, Nat King Cole, John Lennon, Frank Sinatra, Kurt Cobain et al.

O menino-homem-mulher-lobisomem-afro-branquelo figurará para sempre como a chave do veículo que transportou do gueto Motown para o mundo o talento potente daqueles que, sabendo ou não, foram seus padrinhos; artistas do porte de Diana Ross, James Brown, Supremes, Marvin Gaye, Quincy Jones e Stevie Wonder.

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