Nossas escolas - do jardim de infância à universidade - esmeraram-se em formar ótimos consumidores. De tudo. Da lancheira da Mônica à mochila dos Backyardigans. Do tênis Nike ao Blackberry. Do skate ao carro importado.
E aí estão os nossos pátios (de escolas) particulares e os nossos estacionamentos (de cursos de nível superior) públicos que não me deixam mentir.
"Eu tenho, você não tem".
É o bordão de ouro de nossos publicitários multi-premiados em Cannes. Mas não conheço uma tese de doutorado sequer em Propaganda que questione a (coisa nossa!) mídia mais cara do mundo, em dólar.
Ou o custo de nossas ligações de celulares, ou de nossa banda larga (larga?), ou de nossa TV por assinatura - também com os preços mais altos do mundo, em dólar.
Talvez isto se coadune com a maior taxa de juros do planeta (a nossa, só nossa!), mas nunca com o 84o. lugar em IDH ou com os 50% dos lares que não tem coleta de esgoto (um total de 85% não tem tratamento de esgoto).
Nossa política cultural (existe isto?) incentiva com benefícios fiscais as bandas do Rock in Rio, a graça do Cirque du Soleil e a balada do Coca-Cola Vibezone. Enquanto isso a Serra da Capivara (PI) e o Museu Nacional (RJ) desmoronam e apodrecem.
A fundação Sarney está sendo estatizada com os nossos recursos e o instituto FHC faz desfilar "The Elders" pelo circuito Elizabeth Arden - com o dinheiro arrecadado em jantares na última semana do segundo mandato.
Tristes trópicos.
* FHC, de volta do exílio, foi convidado a retornar às salas de aula, na USP. Polidamente (não podia ser de outro modo), recusou, preferindo o contra-cheque do ócio. - Que que é isso, mano?
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