segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Última - culta e feia - pá de cal no ensino do jornalismo (nativo).

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Se há unanimidades com as quais tenho me deparado nos últimos 25 anos de atuação na esfera da Comunicação Social - seja como profissional, docente ou pesquisador - estas são: a cantada "isenção" e a decantada "independência" das redações em relação aos departamentos comerciais nas empresas jornalísticas.

Embora seja cada vez mais nítida a influência dos "negócios" sobre o noticiário, principalmente em relação ao que NÃO é publicado, os coleguinhas jornalistas insistem num ar blasé quando dividem corredores com publicitários e relações-públicas, tanto na academia quanto nas empresas.

Há vinte anos, Ben Bagdikian já nos alertava quanto ao monopólio da mídia, título, aliás, de seu livro. Na mesma época a BBC produziu o documentário "Beyond Citizen Kane", relatando o quanto o poder das 99 "organizações" de Roberto Marinho (o grupo Silvio Santos tem 44 empresas) "cartelizava" o respeitável público: à moda fordista, "você pode assistir a qualquer tipo de programa, desde que seja na Globo ou em qualquer outro canal Globosat", ou "você pode escolher qualquer jornal, desde que seja O Globo ou Extra ou Diário de São Paulo ou Valor Econômico", e, ainda "você pode ouvir qualquer rádio, desde que seja CBN, Rádio Globo ou Beat 98" etc. etc. etc. Juntando à massa, ainda, Globo.com, Som Livre, Época, Editora Globo e Globo Filmes, sobra, de fato, pouquíssimo espaço do nosso dia para chegar à janela e respirar, digamos, um ar menos "globalizado".

Cai o muro

E então, a inefável ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), lança seu curso de Jornalismo. Cairá, pois, a divisória entre a redação e o departamento comercial, uma vez que o programa do curso inclui eixos "pérolas" como "comunicação com o mercado" e "comunicação empresarial".

E, também, por que não? Lança-se, também, junto e misturado, um curso de pós-graduação, "totalmente voltado às necessidades do mercado".

Os experientes botões do paletó de Mino Carta decerto quedarão pasmos diante do "corpo docente", composto de "medalhões", entre patrões e bosses de redação que, claro, conhecem muito de negócios.

A revista da ESPM pergunta em sua capa:

- Para onde vai o jornalismo ?

Arrisco um palpite:

- Com esse tipo de proposta... vai direto para a caixa registradora dos anunciantes.
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Um comentário:

Ricardo Rosa disse...

Olá, tudo bem?

Meu nome é Ricardo Rosa, trabalho na Produção online do Avesso, um programa que mostra os bastidores das ações de comunicação de grandes marcas. ( www.avesso.com.br ).

Fiz uma visita ao seu blog e queria dizer que está de parabéns pelo trabalho que está fazendo.

Nós desenvolvemos parcerias com diversos blogs da área de comunicação, moda, design, sustentabilidade, esportes entre outros, e gostaríamos de ter você e o blog como parceiro Avesso.

Acesse o nosso site www.avesso.com.br , e assista aos nossos programas.

Caso tenha interesse, por favor entre em contato.

Um grande abraço.

Obrigado!

Ricardo Rosa
ricardo@avessotv.com.br
Tel. (11) 3578-0777
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www.avesso.com.br
www.meadiciona.com.br/avessotv