quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Serra, os gatos, as rações, Dilma e a mídia.

Em seu texto publicado hoje, à página 6 do jornal O Globo, Demétrio Magnoli presta inestimável serviço à inteligência. Algo raro na mídia. Mas - como diria Caetano - quem lê tanta notícia?

Poucas vezes concordo com as teses de Magnoli, principalmente quando no Painel, do William Waack, mas dessa vez...

Trata-se de uma crítica contundente à metodologia utilizada pelos institutos de pesquisa de opinião por ocasião das campanhas eleitorais. Na verdade, ele desvenda o erro metodológico da amostragem por quotas, algo engessado e que induz a erro... será que Ibope, Vox Populi e Datafolha estão querendo induzir alguém?

Intermezzo

Haveria que introduzir-se a amostragem probabilística nas pesquisas eleitorais. Essa metodologia produziria amostras aleatórias, muito mais afeitas ao universo pesquisado, mas cujo levantamento é bem mais caro.

Então ficamos assim; com o método barato. Barato e ruim. Mas quem se importa?

Isto remete-me a outra questão que é também problema de estatística básica: a eficácia da mídia - e, portanto, a pertinência de seu custo.

Segredo de polichinelo

No Brasil, pagamos o preço da mais cara mídia do mundo, em dólar. Aliás pagamos também a mais cara banda larga (larga?) e o maior custo por minuto nas ligações de telefonia celular. Sempre em dólar.

Ganhamos o maior salário em dólar? Temos uma boa banda larga? Temos uma mídia de qualidade? Respostas com Mister M...

A explicação - para o caso da mídia - é um axioma. Vende-se 30 segundos no intervalo do Jornal Nacional por 200 mil dólares simplesmente porque o Ibope afiança que o comercial será visto por aproximadamente 60% do share da faixa (?!) E que isto significa vendas de 1 milhão de sabonetes no dia seguinte, 200 mil sacos de ração para gatos ainda durante o programa + 20 mil automóveis no feirão do fim de semana.

Êita estatística tosca! Não é impunemente que o Brasil apresenta os piores índices de aproveitamento na aprendizagem da matemática. E viva as Casas Bahia, que só precisam oferecer uma prestação que caiba no bolso. O resto é p'ra Meirelles...

Pano rápido.
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