Já tive - mas repito - a oportunidade de citar a inspirada frase do jornalista Aydano André Motta no último encontro ABERJE-Rio, comentando o fim da exigência de diploma de nível superior para o exercício do jornalismo: - o fim do diploma não vai alterar a rotina de seleção das grandes empresas jornalísticas do eixo Rio-São Paulo, mas de Niterói "pra cima"...
Sobre este tema, a coluna de Mauricio Dias, na Carta Capital desta semana, merece ser clipada na íntegra:
"IMPRENSA - 'A lei do mais forte'
Embora haja registro de crescimento expressivo da tiragem dos jornais pelo interior do país, o exercício do jornalismo independente, fora do eixo SP-Rio-Brasília, é ainda muito mais difícil.
Existem alguns bons exemplos, mantidos a custo de suor e lágrimas. É o caso do Jornal Pessoal, de Lúcio Flávio Pinto, 59 anos, jornalista e sociólogo. O quinzenário circula há 22 anos, com tiragem de 2 mil exemplares.
Lúcio Flávio Pinto foi homenageado na Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizada em Belém, em 2007, pela contribuição dada, em 40 anos de jornalismo, à discussão de temas e problemas da Amazônia. O JP desafia a cartilha da submissão. Denuncia grileiros, madeireiros e fazendeiros cujos interesses se cruzam com os da 'grande' imprensa local. Nove ações penais são movidas pelas Organizações Rômulo Maiorana (ORM), dona da emissora filiada à Rede Globo.
Em 2005, o diretor-executivo das ORM, Ronaldo Maiorana, agrediu fisicamente o jornalista. Em julho passado, Lúcio Flávio foi condenado a pagar indenização de 30 mil reais ao agressor e ao irmão dele, Rômulo Jr., por supostos danos morais. Foi proibido também de citar o nome dos Maiorana.
A comunidade científica, intelectuais e organizações da sociedade civil se mobilizam em defesa de Lúcio Flávio. A imprensa, autodenominada grande, silencia".
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
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2 comentários:
Eu, particularmente, confesso que fiquei, sem nenhum exagero, chocado com a decisão de não mais se exigir um diploma de Ensino Superior para o exercício da profissão de jornalista.
Sem pensar em casos isolados, particulares...
Diante de tal decisão, pensemos naqueles tantos que já se formaram, batalharam anos e anos em dedicação em uma faculdade não simplesmente para chegar ao final do curso se darem ao luxo de carregar sob os braços, um diploma, mas por alimentarem um sonho, a vontade – ainda diria a necessidade – de se construir uma imprensa mais limpa.
Atribuo a essa decisão simplesmente o adjetivo estupidez. Talvez diante deste fato tenhamos até uma valorização do setor da comunicação jornalística (se é que pode se chamar de setor), pelo fato de agora ao meu ver, se formarão blocos de talvez não mais que uma dúzia de controladores e manipuladores da informação.
Essa que deveria vir para cumprir o seu papel mais lógico, de informar de forma neutra e imparcial, talvez agora venha desdobrar-se em um concentrado de manipulação.
Analisemos portanto alguns trechos de notícias que foram veiculadas em diversos veículos de comunição sobre o fato:
STF derruba exigência de diploma para jornalistas (Abril.com - Agência Estado 17/06/2009)
“O relator e presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, defendeu, no julgamento, a tese de que o jornalismo é profissão diferenciada que tem vinculação com o amplo exercício das liberdades de expressão e de informação. Segundo ele, exigir o diploma de quem exerce o jornalismo é contra a Constituição Federal, que garante liberdade de expressão e informação.”
A partir desse trecho questiono se para ter liberdade de expressão e informação, não se pode exigir um mínimo de conhecimento de quem pelo menos irá transmitir a informação.
“Mendes chegou a comparar a profissão de jornalismo com a de chefe de cozinha, para provar que não é necessário fazer faculdade específica para atuar em determinadas áreas.”
Qualquer um pode sim ser um transmissor de informações e “cozinheiro”. Mas um jornalista dentro dos princípios éticos da profissão e um chefe de cozinha de renome, precisam sim de muito conhecimento.
Finalmente, quero me solidarizar com os Jornalistas devidamente formados e os Estudantes que muitas vezes vão a exaustão para concluirem seus cursos.
A liberdade de expressão contida na Constituição,tem o propósito de permitir que pessoas comuns como eu digam o que pensam a respeito de qualquer coisa e se responsabilizem pelo que digam.
A função do Jornalista vai muito além disso, trata-se de uma profissão que implica em conhecimentos diversos com a finalidade de levar à população informações coerentes e precisas, checadas de suas validades antes de serem veiculadas.
Portanto, nÃão se pode permitir que pessoas sem a devida formação se autointitulem capazes, no direito de veicular informações, principalmente as que possam causar prejuízos à terceiros. É verdade que há profissionais bons e maus em todas as áreas, mas, todos estão subordinados a um ordenamento jurídico que os responsabilizam por eventuais falhas.
Assim, não pode ser diferente com uma classe que tem enorme responsabilidade a ponto de ser nomeada popularmente, como o "Quarto Poder".
Para concluir, agora nem me espanto tanto. Me lembrei do fato de que nosso atual presidente, sem estudo, chegou ao poder. Quando deixar sua profissão de Presidente da República, já tem ai uma opção profissional: Jornalista.
Lula já está exercendo seu lado jornalístico através do "Blog do Planalto" - e já "fazia" radialismo no "Café com o Presidente" - mais presidente que café, visto que transmitido por ondas...
Dessa decisão do STF a cidadania colherá os - amargos, em minha opinião - frutos daqui há uma década. Então será tarde para recuperar o avanço que os patrões farão sobre os cargos antes técnicos mas agora familiares-político-feudalistas.
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