Fantástico trabalho investigativo do jornalismo global: os sabujos repórteres do (planeta) diário descobriram que no setor da produção cultural há amadorismo, informalidade e até más práticas contábeis! E mais! A própria Infoglobo, empresa controladora do jornal, também fora vítima desse 'esquema'!!!
Como diria Bussunda: - Fala sério...
Depois de anos dando barrigudas matérias sobre Economia da Cultura, Indústrias Criativas, PIB da Cultura, O Globo finalmente descobriu o óbvio: não há uma Economia (com "e" maiúsculo) da Cultura. Não há um setor (formalmente reconhecido pelas estatísticas) como "Indústria Criativa". Não há, desde 1998, quando a Fundação João Pinheiro pesquisou o segmento da produção cultural, dimensionando sua participação no PIB em 0,8%; qualquer outra verdade sobre "PIB da Cultura".
Nada além das bajulações de sempre
Este jornal, sempre atrás da propaganda das entidades patronais da indústria, do comércio e dos serviços, sempre deu guarida aos "n" seminários que "discutiram" esses setores. Pura perda de tempo. E não é que uma senadora presente à posse do enésimo presidente da FUNARTE regozijava-se de um setor "que movimenta 8% do PIB?!". Talvez ela devesse pautar seus discursos menos por clipping de assessoria e mais leitura do website do próprio MinC.
Como é normal no Brasil, à primeira estatística séria de um segmento não seguiu-se a segunda, a terceira etc. etc. etc. E vivemos de chute em chute, de discurso disparatado em discurso disparatado. Não foi à toa que Gilberto Gil pediu o seu boné. Certamente tinha coisas mais úteis que o MinC para cuidar.
O que a cultura - como qualquer segmento - necessita é de atenção qualificada dos governos. Em todas as esferas. Precisa-se de qualificação. Precisa-se de profissionalização. Precisa-se de formação de bases de dados honestas e permanentes. Talvez assim, depois de alguns anos, possamos encher o peito e falar em Economia da Cultura.
Por que, por ora, o que há no Brasil da parte das "autoridades" do setor é, tão somente, economia de cultura.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
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3 comentários:
Professor, o que o senhor acha das mudanças que vão ocorrer na Lei Rouanet? Concorda com as críticas de "dirigismo", por ex?
Agora uma dúvida, mais específica e que diz respeito ao meu trabalho: seria possível falar em valor mínimo, recomendável, de projeto para inscrição na Lei Rouanet? Pergunto pois noto que em geral projetos habilitados a captar pela Lei tem valores muito altos, de 500 mil a um ou dois milhões. Obrigada!
Cristiana,
As mudanças demoraram muito a vir. O Congresso Nacional anda obstruído. Há prioridades mais "prior" que outras. E muita pressão para que tudo fique como antes no reino dos patrocínios...
Se um Estado democrático cria uma lei para destinar verbas do erário público a determinadas ações culturais, não há que haver dirigismo? Ou vamos continuar apreciando apenas as artes que se afinam com os gerentes de marketing tupiniquins?
Não há limites - mínimos ou máximos - aplicáveis a valores totais de projetos submetidos à Lei Rouanet. O que há, sim, é uma análise por pareceristas e pela CNIC; análise esta que pode glosar valores eventualmente fora dos praticados pelo mercado.
Saudações!
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