terça-feira, 22 de julho de 2008

Mercado Futuro: um futuro sem mercado

Acumulam-se as notícias sobre insolvência. De países, de estados, de cidades. Bancos e corretoras quebram todos os dias, mas o mercado financeiro impávido prossegue. Experimente ligar agora a sua TV (na sala, no quarto, celular ou PC).

O mundo de Bloomberg

Não importa a hora. Lá haverá um canal online realtime onde linhas de informação correm mais rápido do que você pode ler. A menos que você seja um adrenalinado corretor de valores. Remember "Wall Street: Poder e Cobiça", no título em português, genial "financial-thriller" de Oliver Stone.

Agora são as hipotecas estadunidenses que caem. E mais de 250 mil pessoas já perderam suas moradias - imóveis, agora, irremediavelmente vazios, pois não dinheiro para que alguém os compre, mesmo na bacia das almas.

Arrisco-me a deduzir que o fim do mundo - como a Bíblia o descreve - começou na metade da década de 90 do século XX, quando os mercados financeiros foram desregulamentados visando as aplicações offshore, "around the entire world". Esses mercados, essencialmente financeiros - daqueles que se descolam da economia real - giram um capital inexistente, muitas vezes superior às economias do mundo. E todos os dias muitos perecem para que alguém muito ganhe. É do jogo.

De frente para a semana-réquiem da rodada OMC de Doha, a que se arrasta por sete anos, coloca-se claramente o dilema do mundo: fome VERSUS energia num embate mortal para a espécie humana. Seja pela via da morte por inanição, seja por sede e guerras, seja pela poluição e débitos de carbono.

O que pouco se fala sobre as razões do fracasso da rodada, sempre apresentada com eufemismos tipo "falta de abertura", "subsídios agrícolas", "países industrializados VERSUS países em desenvolvimento" esconde o verdadeiro impasse: os países ricos querem impor aos demais a sua indústria de seguros e resseguros, de comunicação e de educação. A de cultura, de informática, telefonia e de bancos há muito já avassalou o mundo.

O G-7 quer trocar a queda de barreiras alfandegárias (mentirosa pois efêmera; depois o protecionismo disfarçar-se-á de cordão sanitário europeu ou o fim da fast track do executivo estadunidense) pela abertura ao capital estrangeiro nas universidades e nas emissoras de rádio e TV mundo afora. E ainda têm a cara de pau de constranger-se quase às lágrimas quando o chanceler brasileiro diz-lhes que sua lenga-lenga lembra Goebells, fabricando verdades a partir do discurso monocórdio de que são "do bem". Quem morrer verá.

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