>
A
Silvio de Abreu
Autor da telenovela “Passione”
Prezado Sr. Silvio de Abreu,
Sabemos que uma produção do porte da novela que se segue diariamente ao Jornal Nacional é trabalho coletivo que envolve dezenas de profissionais.
A algum deles, porém, faltou alertar-lhe quanto ao desenrolar da trama que levou a personagem Fred, vivido na obra pelo ator Reynaldo Gianecchini, a ser sugerido como relações-públicas da Metalúrgica Gouveia – organização-pivô da novela.
Já havíamos observado que, na mesma trama, as profissões de psicólogo e de advogado foram citadas em diferentes momentos e comentários presentes no próprio texto cuidaram de informar corretamente – o que enriquece o trabalho da ficção em um país que educa-se, há décadas, via TV – o seguinte:
- a profissão de psicólogo é séria, respeitada, precisa de diploma para ser exercida (fala do ator Werner Schünemann, dirigindo-se a sua mãe, Bete Gouveia, vivida por Fernanda Montenegro);
- eu sou somente o procurador do Totó, não sou advogado (fala do ator Reynaldo Gianecchini, dirigindo-se a sua mãe, Maria Candelária, vivida por Vera Holtz).
Igual aos casos acima, e de mais 61 profissões regulamentadas, a atividade de relações-públicas também o é por lei e exige, para o seu exercício, do curso de bacharelado tradicional em Comunicação Social – habilitação Relações Públicas.*
Temos certeza de que sua obra, já vasta e que aponta para muita criação à frente, juntamente com a TV Globo – emissora que orgulha-se, com justiça, de suas ações de merchandising social (pelas quais informa enormemente a sua audiência) –, constituem-se em relevantes instrumentos de, para além do entretenimento, formação cultural de grande parcela da sociedade brasileira; e por isso a nossa manifestação, rogando que a trama seja corrigida no detalhe que desinforma o seu público e melindra a nossa categoria profissional.
Quem sabe um revés – decerto entre os já planejados na trama à personagem de um sem-caráter como Fred – não possa justamente constituir-se no fato de ser ele impedido de assumir a função em virtude de não estar qualificado para tal? O presidente da empresa, Mauro (vivido pelo ator Rodrigo Lombardi), teria sido, por denúncia, notificado pelo Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas sobre a situação e...
Atenciosamente,
Manoel Marcondes Neto,
relações-públicas apaixonado pela profissão e, no momento,
secretário-geral do CONRERP - 1a. Região (estado do Rio de Janeiro)
* Mais: há, no Brasil, 2511 outras ocupações não-regulamentadas por lei.
>
sábado, 19 de junho de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
Manoel, legal a sua carta! Chegou a enviar para a Globo ou apenas postou por aqui?
Coloquei minhas observações sobre o caso em meu blog, convido-o para ler.
Aproveito para perguntar se, como membro do Conrerp, esta instituição ou o CONFERP (institucionalmente) irão se posicionar sobre o assunto!
Obrigado
Pedro Prochno - http://relacoes.wordpress.com
Caro Pedro Prochno,
O mundo mudou e a mídia mudou junto (ou será que foi o contrário?). Saudades de McLuhan que ficou para a história com apenas seis palavras (global village, the medium is the message), explicando muito mais curto que um twitting.
Não entrei no twitter de Passione ou no do Fred (quem os mantém deve ser um estagiário aluno de Comunicação muito bem treinado...), mas no da Globo, onde postei minha mensagem.
Se vamos ser 'player' nesse jogo, que o sejamos plenos. A segunda região - SP e PR do Conrerp - recebendo uma denúncia deve notificar a Metalúrgica Gouveia (cujo 'site' está meio desatualizado, pois continua comunicando em nota a título de 'fato relevante' a morte de seu presidente) quanto à nomeação ilegal do Sr. Fred Lobato.
E ao Sr. Mauro Santarém ou à Sra. Bete Gouveia (de volta à presidência da empresa) caberá o dever de comunicar - e de tornar pública - a 'desnomeação'.
O Conrerp (1a. Região - estado do RJ) também já comunicou-se com o autor por mensagem direta à assessoria de comunicação da emissora. O Conferp, conforme prescreve a legislação, entra em cena - se for o caso - como segunda instância - sob demanda de um Conselho Regional.
Saudações públicas e relacionais.
Não foram seis as palavras de Marshall McLuhan, mas sete.
Marcondes,
Parabéns pelo post, ainda bem que alguém do Conrerp se posicionou!
Eu também, como Relações Públicas de formação, fiquei muito chateada e decepcionada com o Silvio de Abreu. Associar um RP a um mau caráter. Lamentável! Vou acompanhar se temos alguma resposta.
@Anissyma
Marcondes,
Acho que o autor da novela é dos tempos em que qualquer pessoa sem formação, indicada pela diretoria da empresa, era nomeada RP. Já vi isto aconceter quand iniciei minha carreira na comunicação empresarial. O que tem que ficar claro para a opinião pública é que RP é uma profissão regulamentada e de nível superior. É um cargo estratégico na empresa, ligado ao poder de comando, porque pensa na abordagem para todos os públicos de interesse da empresa.
Postar um comentário