terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Lattes que eu tô passando...

Entendo que um país com 200 anos de civilização (ocidental) e 100 (acidentais) anos de universidade tenha que "aprender com os mais velhos", sobretudo nas engenharias de ponta (filhas do casamento da Física com a Biologia, por exemplo) - e nos saberes que demandam muito e intensivo investimento (nosso Estado é pobre disso, apesar de reservas internacionais invejáveis; e nosso empresariado é tosco), como na indústria farmacêutica (para a qual trabalhei e vi ao vivo) e de nano-automação.

Mas nas áreas em que dominamos o fazer, tais como indústrias petrolífera, aeronáutica e naval, informática bancária, contabilidade, correção monetária, arquitetura, cirurgia (todas as especialidades), drogas fitoterápicas, TV, propaganda, música, gravura e artes gráficas, estamos mais na posição de ensinar. No entanto, ficamos, também nessas áreas, colonizados por quantis publix ditas qualis estrangeiras, muitas de constituição duvidosa (diversos casos de auto-referenciação e fraudes foram objeto de matérias recentes na Folha de S. Paulo) e reles nível. Para a maioria dos brasileiros, parece mais elevado escrever "the book is on the table", falar de endomarketing (sic) ou ler um artigo de Donald Richards, PhD (... este deve ser um "crânio"!). Escrever sobre mídia no Brasil e assinar Joaquim Palhares? Ah! Deve ser mais um zé ruela incomodado com sua falta de ibope...

Mês passado, na UFRJ, constatei esta catástrofe de perto, participando da assistência numa defesa de tese de doutorado da área biológica. A tese só pôde ser defendida DEPOIS que o artigo sobre a mesma foi aceito em uma publicação (QUALQUER publicação) entre as "doctors and internals & nuclear phisicians association sdruws review".

Isto quer dizer, então, que, depois de terceirizar para a Estácio as nossas graduações (grande parte dos professores substitutos nas universidades públicas são Estácio "de carreira"), agora terceirizamos os nossos títulos de doutoramento para a muito qualis "indústria" editorial (editorial nada, porque ninguém nessas revistas sabe sequer o que é um fotolito - só entende de PDFs e de um tal de reprint muito bem pago) norte-hemisférica. Tristes trópicos!

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